Nossa História
Da necessidade de criar e fazer, Nicole Toldi encontrou na arte umarealização pessoal. Seu trabalho acontece por fases que se consolidam conforme o estado de sua alma. Descobriu na porcelana uma maneira de se expressar, usando a atividade artística, como uma forma de autoconhecimento. Iniciou sua trajetória como paisagista, o que possibilitou a intensa observação e a vivência na natureza – hoje uma grande influência em suas criações.
Começou a fazer cerâmica em 2006 e, pouco a pouco, foi transformando o hobby em profissão. Sempre trabalhou de maneira autônoma, fazendo diversos testes, inventando e recreando técnicas.
Em 2014, no melhor estilo “o bom filho à casa retorna”, Nicole recebeu sua filha Luiza Toldi – recém chegada de Buenos Aires, onde estudou cinema – em um projeto pessoal de apropriação do ofício, que resultou em uma parceria no início de 2016. Luiza, além de criar a identidade visual da marca, decidiu “colocou a mão na massa” e embarcar nessa jornada junto à mãe.
Juntas, buscaram sempre harmonizar seu trabalho com seu estilo de vida. Totalmente ligadas a natureza, trabalhar com o barro (cerâmica / porcelana), foi uma decisão relativamente fácil e apaixonante. De maneira orgânica, suas atividades profissionais estão completamente fusionadas com todas as outras. Enquanto esperam uma peça secar, regam suas plantas. Enquanto uma faz as embalagens a outra lixa as peças, preparam o almoço, esculpem os moldes, alimentam os pássaros, cuidam da horta…
O trabalho realizado é 100% manual. Nicole e Luiza se ocupam de todos os processos existentes entre a venda e a entrega das peças finalizadas. E o caminho não é curto. Juntas administram a parte financeira, a logistica interna das produções e das entregas, as redes sociais, as feiras e exposições, as embalagens (feitas uma à uma, com etiquetas bordadas e escritas à mão), as criações de novas coleções e muitas outras etapas. É um grande desafio para ambas.
Movidas por esse estilo de vida, em 2016 mudaram o atelier para São Bento do Sapucaí, divisa entre São Paulo e Minas Gerais. Agora vivem e trabalham em uma pequena casinha de madeira encima da montanha. Traçam sua própria logística geográfica e temporal para dividirem a produção no interior e a parte comercial em São Paulo.
A natureza e o tempo são os principais elementos de inspiração. Nicole e Luiza trabalham com porcelana líquida e moldes de gesso. Suas peças são sempre brancas e repletas de texturas inusitadas. Essas texturas são inspiradas sempre em elementos naturais (troncos de árvores, raízes, pedras, ondas de água, frutas, etc). Para incorporar texturas às peças elas esculpem os moldes um à um e com frequência fazem novas intervenções no mesmo. Este processo de constante transformação física faz com que o molde “envelheça”. Chega o momento em que já não pode ser mais utilizado e o ciclo das peças feitas a partir dele chega ao seu fim. Assim, “nascem” novas coleções, novas peças, novas idéias. O dinamismo do processo técnico criado por Nicole, surgiu com sua própria necessidade de aceitar as transformações (físicas e emocionais) que o tempo provoca naturalmente.
As peças, sempre brancas, se tornam um suporte neutro para a criação das texturas e dos desenhos. O branco revela um mar de possibilidades. É a porcelana em seu estado natural, cru e puro.
A pratica da meditação e da observação contribui intensamente nas criações e execuções dos processos. Trazidas por Nicole, e posteriormente incorporadas por Luiza, as técnicas de meditação oriundas do budismo foram um alicese fundamental para a compreensão da visão estética –corrente fisolofica – japonesa wabi-sabi. Essa abrangente concepção oriental, revela a beleza existente no que é “imperfeito, impermanente e incompleto”. As características estéticas do wabi-sabi incluem assimetria, irregularidade, simplicidade, intimidade e valorização da integridade dos objetos e processos naturais. Atualmente, tais conceitos são inseparáveis da forma de trabalho e consecutivamente do resultado final das peças criadas por Nicole e Luiza. Ora em longos silencios, ora em profundas conversas mãe e filha se relacionam de maneira imperfeitamente perfeita.